Foi difícil conseguir sair da cama hoje.
As segundas são sempre assim, monótonas e vazias, como um domingo de inverno, onde não se vê ninguém na rua.
“Corra,
levante-se e aproveite o dia!” – o meu interior gritava, incentivando-me.
Em câmera lenta e arrastando os pés
cheguei no trabalho.
Talvez o rosto inchado não entregasse a
preguiça. E talvez, o sol de inverno esquentasse um pouco mais hoje.
As vozes vem e vão, vão e vem. E a minha
mesa está lotada de tarefas.
Olhando pra fora, como quem não quer
nada, vejo pernas e sapatos de todas as cores, e sem olhar os rostos imagino a
personalidade de cada um de seus donos. Devem ser todos serelepes e com um
sotaque cantado, tipicamente caiçara, com gírias que só os iguapenses entendem,
com palavras cheias de cultura e simbolismo.
O expediente começa e o silêncio invade
a sala. Enquanto uma brisa entra sorrateira e bate a porta. E então tudo pára.
E me divirto, como faço ao notar as coisas simples.
A cera com cheiro de objetos velhos não
parece tão ruim, o silêncio deixa de existir dando espaço aos sons da cidade,
às vozes dos clientes apressados, aos alunos tirando xerox de material para as
provas, e para o vai e vem na enorme porta de vidro. E aos poucos, com todo o
movimento, vou despertando por completo.
Subi para o café e parei na janela para
me aquecer no sol fraco daquela manhã, fiquei com os olhos fechados, sentindo
as bochechas esquentarem e murmurei que aquilo sim era felicidade.
- Esquentar o rosto no sol é felicidade?
– alguém me questiona.
Evito falar de felicidade, porque insisto
em acreditar que esta não está me esperando no fim, como todo mundo pensa. Por
que o fim é apenas o fim. E lá, não deve haver nada. Apenas o fim.
A felicidade é algo que eu devo
encontrar ali na esquina. Num sorriso amigo, num “bom dia” sincero, num animal
de estimação, numa criança, num livro, numa música qualquer que toca em algum
rádio quando você está caminhando distraído na rua, e que você nunca consegue
descobrir o nome. Talvez esteja naquele 10 difícil de conseguir, depois de ter
virado a noite estudando, no agradecimento sincero daquela senhora que se ajuda
a carregar as sacolas, ou na chance de chegar em casa e ver que o almoço está
pronto. A felicidade está ali no cantinho que a gente não olha porque está
ocupado com aquela discussão boba com a amiga, porque está
chateada por ter tropeçado na frente do garoto bonito que finalmente encontrou
na rua, ou porque respondeu errado e em voz alta uma pergunta do professor e todo
mundo riu. A felicidade é você quem faz, não há nenhuma definição concreta por aí.
E sem abrir os olhos respondo:
- É uma parte da minha felicidade.






...então você a ler, assim, já esperando que seja algo bem organizado e bem escrito (afinal foi Hanna quem escreveu rs), daí você vai prestando mais e mais atenção, vai se concentrando, absorvendo cada palavra e cada significado, e quando se da conta, está com aquela cara de boba ao final da leitura, pensando: "uau, isso é demais!"
ResponderExcluirta ok, sempre a elogio, (com um pouquinho de puxaquismo claro, kkk), mas é sempre assim, ao fim de cada leitura do que você escreve, é sempre mágico.
tão bom que a hora mais esperada da manha é quando chega aquele email avisando de mais uma postagem, acesso toda feliz o blog pois já sei que vou me apaixonar por mais um livro, um filme, uma série, uma crônica, e que estes claro, serão acrescentados à lista (que só cresce rs).
e minha felicidade hoje foi esse tempinho que me dei conta do quão importante são esses pequenos momentos.
Muito obrigada, Mirtes. A sua opinião é muito importante pra mim. :)
ExcluirKkk lindas palavras! Muito bom, prende a atenção e faz refletir, com umas palavras tão carinhosas e ao mesmo tempo tão detalhista, encanta.
ResponderExcluirObrigada, Gabriel :*
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